Educação e amor
Leo Jaime.
Um dia tive contato com
uma estatística que apontava números de investimentos em todas as áreas, numa
perspectiva mundial. O quanto gastamos com saúde, com educação, com arte, com
armas de guerra, com segurança pública, com investimentos em casas e assim por
diante. No mundo. O investimento em armas de guerra passava de trezentas vezes
o que gastamos em
educação. Com isso é fácil concluir qual o nosso destino: é
esse que compramos.
A educação deveria ser uma
meta fundamental no mundo inteiro. O conhecimento tem se provado pacificador e motivador de grandes
melhorias na qualidade de vida e nos relacionamentos entre os povos. Há que se
perceber, porém, um detalhe: a educação está sempre levando a cultura como sua
dependente quando deveria ser o contrário. Explico: o Ministério da Educação
pode ou não levar a pasta da Cultura em seus atributos. E se o Ministério da
Cultura for independente sua verba será infinitamente menor. É assim em todo
canto e todo mundo parece concordar, menos eu. Simples o raciocínio, difícil a
compreensão: para se estabelecer um paradigma do que deve ser ensinado é
importante estabelecer o que é belo, o que é louvável, o que queremos instituir
como bem cultural. Ética e estética. Depois de conhecidos esses referenciais
fica muito mais fácil estabelecer moral e comportamento, escolher um programa
escolar de base e estabelecer o que vai e o que não vai ser pesquisado, Essa é
a chance que temos de inverter o investimento em armas trocando-o por coisas que
produzam felicidade. Mas antes disso, muito antes, é preciso convencer a
humanidade que a felicidade é uma coisa boa. Por isso investir em cultura. Sem contato
com o belo, a educação pode ser infrutífera. Aprender o
quê?, pra quê?
O amor deveria fazer parte
dos ensinamentos básicos de todo cidadão. Isso se culturalmente compreendermos
que sem amor somos um nada, sem amor não podemos ser felizes e nem convivermos
bem em grupo, sem amor nossa vida é um caminhar em círculos sem graça. E a
compreensão do amor fica muito melhor se estudarmos, se lermos as grandes
estórias, os grandes romances, se pensarmos em todas as refrações do amor. O
amor à natureza, aos animais, ao que se construiu no passado, ao belo, ao
prazer, às artes, ao que ainda não se conhece ou o metafísico. Há muito o que
se pensar sobre o amor. Há muito o que se aprender com o amor. Se os garotos
ficassem dos 7 aos 11 anos estudando apenas e somente o amor, deixando a
tabuada para depois, não seriam pessoas piores, tenho certeza. E seriam educadas
de dentro pra fora. Da alma para o corpo social. Primeiro ser uma boa pessoa
para depois ser um bom cidadão.
E depois, um pouco mais
tarde, estudar junto com outras coisas, é claro, o amor romântico. O
enamoramento, o ciúme, o desejo, a
pequena morte ou orgasmo, a linguagem do amor.... tanta coisa fundamental para
se saber e todo mundo estudando inglês ou fazendo ginástica.
Alguma coisa vai dar
errado.
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